Já olhou para as vacas e teve a impressão de que elas estão mastigando um chiclete que nunca acaba? Pois, repare. Esse "nhaque, nhaque" incessante, mais conhecido como ruminação, foi desenvolvido para digerir melhor os alimentos. As vacas podem ficar até oito horas por dia ruminando sem parar. Outros mamíferos, como o boi, a cabra, o bode, a ovelha, o carneiro e o búfalo são também ruminantes e passam horas mastigando as gramíneas.
Ruminar inclui dois processos. O primeiro é o da mastigação, que ocorre em duas etapas: na primeira, a vaca ingere rapidamente seu alimento sem mastigar quase nada; na segunda etapa, o alimento que foi engolido volta de seu reservatório gástrico à boca para ser mastigado mais lentamente.
O segundo processo é realizado graças à presença de pré-estômagos, chamados retículo, rúmen e omaso. Os pré-estômagos são compartimentos onde vivem vários microorganismos, como protozoários, bactérias e fungos. Eles auxiliam os ruminantes na produção de seus nutrientes, transformam as gramíneas ingeridas em proteína animal. Essa troca recebe o nome de simbiose e é boa tanto para a vaca, que tem excelentes ajudantes na sua digestão, quanto para os microorganismos, que conseguem seus alimentos sem gastar muita energia.
As vacas nem sempre ruminaram. Elas desenvolveram essa capacidade ao longo de seus milhares de anos de evolução, para não perder tempo comendo num mesmo lugar. Com isso, passaram a poder engolir rapidamente o capim que estivesse localizado em áreas mais abertas. Comendo depressa, os ruminantes ganharam tempo na hora de se alimentar, ficando mais alertas para a presença de algum predador.